sábado, 10 de setembro de 2016

Estudo confirma eficácia das estatinas para prevenir problemas cardíacos


Os tratamentos com estatinas para reduzir o colesterol diminuem o risco de acidentes cardiovasculares e apresentam efeitos colaterais adversos apenas em um número limitado de casos - de acordo com um estudo publicado nesta sexta-feira (9).

Desde que o tratamento foi lançado, há três décadas, dezenas de milhões de pessoas no mundo com colesterol alto - mas sem ter necessariamente problemas cardíacos preexistentes - tomam estatinas de modo regular. Trata-se de um dos medicamentos mais vendidos pela indústria farmacêutica.
Nos últimos anos, porém, apareceram vozes acadêmicas discordantes. Publicado pela revista médica britânica ´The Lancet´, o estudo se propôs a resolver esse debate, concluindo que os benefícios das estatinas são subestimados e que seus efeitos adversos são exagerados.
´Nossos resultados mostram que a quantidade de pessoas que evita acidentes vasculares cardíacos, ou cerebrais, graças a terapias com estatinas, é muitíssimo maior do que aqueles que sofrem efeitos colaterais´, explicou Rory Collins, da Universidade de Oxford, que revisou um grande número de estudos existentes junto com outros pesquisadores.
Concretamente, cada redução de 2 mmol/l da taxa de colesterol graças a estatinas administradas durante ao menos cinco anos a 10 mil pacientes evita acidentes cardiovasculares em cerca de mil pessoas (10%) que tiveram episódios cardíacos anteriores (infartos) e a cerca de 500 que apresentam apenas fatores de risco (fumantes, sedentários, histórico familiar, etc.).
Já os efeitos colaterais de miopatias com dores e fraqueza muscular apareceram somente em um caso entre 10 mil pacientes que tomam 40 mg de atorvastatina por dia. O risco de diabetes ocorreu em entre 10 e 20 casos.
O estudo oferece ainda respostas a dúvidas sobre outros efeitos colaterais, alimentadas pelos mitos relacionados às estatinas, entre os quais está a disfunção erétil para os homens.
A pesquisa é categórica ao concluir que essas associações - entre as quais também estão perda de memória, catarata, problemas renais, ou hepáticos, transtorno do sono, agressividade e comportamento suicida - não foram sustentadas pelos estudos de observação, que ´não refletiram um efeito causal com a terapia com estatinas´.
A controvérsia sobre o caráter nocivo, ou a ineficácia, dos tratamentos preventivos com estatinas aumentou em alguns países recentemente, incluindo a Grã-Bretanha, onde 200 mil pacientes deixaram de tomá-las nos últimos anos, ou na França, onde representam um mercado de cerca de dois bilhões de euros anuais.
´As afirmações enganosas sobre a segurança e a eficácia dos tratamentos com estatinas representam um custo importante para a Saúde Pública´, adverte o editor da The Lancet, Richard Horton, em um comentário que acompanha o estudo. Vários especialistas independentes elogiaram o artigo.
´As estatinas têm sido injustamente demonizadas´, afirma Tim Chico, especialista da Universidade de Sheffield.
Segundo David Webb, da Universidade de Edimburgo, ´é provável que se tenha perdido muitas vidas, devido ao ponto de vista difundido de que as estatinas são perigosas, ou ineficazes´.
´Esse estudo completo realizado por um grupo de acadêmicos internacionais de primeiro nível, com provas robustas e não tendenciosas de ensaios aleatórios e revisões sistemáticas, confirma que as estatinas são eficazes e que seus benefícios aparecem, inclusive, em tratamentos preventivos´, acrescenta.  (G1)

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